Um Dia o Amor Chegou, Um dia o Amor Partiu

Tarde de verão, inverno, primavera ou outono, tanto faz, o amor não escolhe data e nem estação, um dia ele vem e você é pego de surpresa, ele te abraça de uma maneira forte, capaz, totalmente impossível de você fugir,envolvente,e aquele vazio imenso que você já estava acostumado, aquela solidão, você já desconhecia o som do seu próprio telefone, e isso tudo muda, sua rotina passa a ser dividir, trocar, pegar emprestado, olhar pro lado ao primeiro raio de sol, buscar o beijo, o abraço, o carinho, o colo, se quiser chorar, terá um ombro pra encostar, roubar um beijo displicentemente, quem nunca fez isso na vida certamente não provou o gosto da paz, andar na chuva, chegar em casa se secar, contar as estrelas no céu,misturar na estante os livros, os cd’s, dividir o controle remoto, não importa a distancia, mesmo se alguém está longe e te diz; “eu te amo”, você saboreia esse som como se fosse a ultima dose do melhor vinho, a ultima lambida do sorvete, o ultimo passo pros braços do êxtase, você faz de uma distancia de quilômetros, centímetros, porque o amor está dentro do seu peito e não geograficamente distante, você passa a sentir tudo que um dia sonhou, você escreve sobre o amor, e não a ausência dele, os acordes tornam-se mais alegres, os sons deixam de ser dissonantes, você passa a ter uma paz interior que lhe parece até estranho, um sentimento divino, aparentemente fora do alcance humano.
Só que tão inesperadamente como chegou, viu e reviu todos os acordes e todas as harmonias, depois de decifrar todos os sonhos, acalmar todas as tempestades, amparar no peito todos os desejos, o amor não resistiu a próxima esquina da vida, e partiu, esqueceu todas as sementinhas que plantou, deixou pra trás todas as flores que nasceram e perfumaram o caminho, e muito depois de ter arrumado tudo que estava desarrumado, ao deixar pra trás, o amor deixou mais uma vez sem entender nada,aquele poeta, que de tanto escrever sobre o amor, nunca entendeu porque um dia o amor chegou, e um dia o amor partiu.

By Everson Russo
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